quinta-feira, 15 de fevereiro de 2018

ACP e suicídio

Na página da @formacaoacp, foi pedida alguma informação a respeito da Abordagem Centrada na Pessoa (minha linha de trabalho) e suicídio. Me prontifiquei, então, para escrever sobre como eu vejo a prática da ACP nesses casos. Há muitas coisas para serem ditas, mas escolhi dizer algumas:

🔸 Boa parte do trabalho do terapeuta em ACP é a busca por aproximar-se da experiência do cliente. A pessoa que tem pensamentos autodestrutivos frequentemente se sente culpada por tê-los, tem medo de ser julgada pelo outro, pois já está sendo terrivelmente julgada por si mesma. Assim, a percepção de que o terapeuta REALMENTE quer compreender o que a pessoa vive (compreensão empática) pode ser reconfortante e reativadora da tendência atualizante (tendência natural à autorrealização).

🔹 Reforçamos, então, a crença de que nós podemos encarar a ambivalência humana (querer morrer e querer viver, por ex.), pois temos em nós o pensamento básico de que se conseguirmos ouvir sem julgamentos, legitimando todos os sentimentos e considerando incondicionalmente a pessoa, a vida predominará. Assim, nós ouvimos o grito de socorro, mas focamos o olhar afetuoso sobre a pessoa como um todo, sua experiência total. Daí é possível construir um vínculo real, de pessoa para pessoa.

🔸Isso que foi dito acima não é mágica, mas requer certamente treinamento e qualificação do profissional. Ser um terapeuta humanista é ser capaz de olhar o ser humano com todos os seus paradoxos, sabendo que conselhos e frases de efeito não têm impacto duradouro sobre a dinâmica da personalidade e que certamente não conhecemos o outro tão bem quanto ele mesmo. Logo, não podemos saber antecipadamente o caminho que ele deve trilhar.

🔸 Reconhecemos, portanto, o sofrimento do cliente e muitas vezes sofremos com ele também. Cada um está vivendo sua experiência, tão humana quanto todas. Assim: num clima sem ameaças, sem preconceito, com seriedade, mas sem medo de falar, o cliente é livre para viver. E acreditamos que viverá.

💡Tem mais alguma dúvida, comentário? Vamos dialogar!

segunda-feira, 5 de fevereiro de 2018

Não precisa aguentar sozinha


🔸Eu sei que dizem que temos que ser independentes, autossuficientes. Sei que você tem se exigido isso, dando muitos outros nomes: maturidade, equilíbrio, evolução...

🔹Mas nós, seres humanos, somos seres sociais e precisamos uns dos outros para chegar até nós mesmos. Se essa pós modernidade inventou que não podemos depender das pessoas (e com isso o hiperindividualismo e a carência ganharam MUITOespaço), eu digo então que quero retroceder...

🔸Por favor, voltemos a um tempo psicológico em que nos importamos uns com os outros; em que pedir auxílio é bom e auxiliar é melhor ainda; quando podemos conversar fortuitamente, pelo prazer de estar junto. Onde não exista a expressão "jogar conversa fora", pois um diálogo é sempre construtivo...

Por favor, não subestime a importância de uma outra pessoa na sua vida, nem a sua importância na vida do outro.

Fica um desabafo/recado/conselho de uma mulher, amiga, psicóloga que está sempre em busca de ser cada vez mais PESSOA.